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VISITA À CASA PATERNA
Poema de Antonio Miranda
Os mortos da família
— tataravôs, avós, mães, filhos, netos —
em conclave familiar
— intactos e imputrescíveis
desde as suas mortes.
(Os mortos eternizam
suas idades de mortos:
não caberia dizer
“convivendo com os mortos”).
Mortos de diferentes idades
mas eternos
— imortais, se se quer:
Alguns filhos seriam
mais jovens que outros
— ironia da eternidade.
Reunidos à mesa
da casa paterna, fartos.
Não demandam banquetes
— inertes, impávidos, e graves.
Veem de tempos alternos
e descompassados
ao colóquio,
numa genealogia
de afirmações e recorrências.
Antepassados?
A mesa, presentes, constantes
vigiando suas passadas existências
— nos parentes, pelo sangue extinto
e permanência.
Nas sombras
entre os mortos futuros
das gerações consequentes.
Ilustração gerada por IA, por
Nildo Moreira, em 2025.
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